segunda-feira, 20 de julho de 2009

Garçom


Não sei o que ele tinha mais; pelos ou suor. Acho que os dois. Ele veio mancando com sua careca brilhante.
“qual o seu pior pastel?”
“senhor, nós não temos pasteis ruins” disse ele com os olhos esbugalhados.
“então me veja o melhor”.
Ele voltou muitos minutos depois carregando uma grande bandeja com todos os pasteis do cardápio.
Olhei para o pastel e chamei sua atenção “isso aqui esta molhado de suor “ ele se aproximou “e pelo também!”. O dono apareceu e pediu desculpas, segurou o garçom pelos braços e disse que eu poderia dar o soco mais forte que conseguisse em sua barriga. Meus anos como pugilista finalmente serviriam para algo.
No final da tarde o vi sentado na calçada com uma garrafa.
Meses depois fiquei sabendo que estava trabalhando numa churrascaria, e a quimioterapia havia o deixado pelado. Mas ele ainda suava, e como!

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