sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tapa na Cara


Dei um tapa em sua cara. Senti a pele mole e um tanto grudenta.
Quando começamos o namoro, ela me alertou que tinha uma doença que poderia evoluir rapidamente.
Estava tão apaixonado, que ouvir isso só contribui para aumentar o meu desejo. “Quanto mais excentricidades melhor” pensava. E elas estavam mesmo por vir.
Cansado demais para tentar a todo momento buscar inspiração para produzir meus novos contos, sai por aí atrás de experiências.
Uma calcinha com manchas amarelas, uma boceta que esticava seu cheiro ate os joelhos ou uma mulher sem língua, foram os meus primeiros contatos.
Encontrei um clube através da internet. Paguei a taxa de associado e pude começar a freqüenta-lo.
Na primeira noite que cheguei, tive que ser batizado.
O batismo era simples, constituía-se em aceitar alguma das cinco alternativas oferecidas pelos associados.
A sorte estava ao meu lado, as opções eram todas excitantes.
“Quero ficar com todas” disse eu.
Eles riram em coro. Bem; estava conquistando a simpatia deles.
Na noite seguinte, fiquei assistindo a alguns metros um casal que transava dentro de uma banheira com minhocas. Alguns se masturbavam.
Não achei interessante e avisei o diretor do clube que se fosse ver trivialidades, queria meu dinheiro de volta.
Foi ali naquela segunda noite que a conheci. Enquanto vinha ate mim, o diretor avisou que no clube ninguém podia ficar insatisfeito.
Qualquer um podia sentir que ela era diferente. Talvez a baixa estatura, quem sabe, mas tinha algo a mais.
Ontem estávamos andando no final da tarde que é o melhor momento do dia, quando ela caiu dentro de um bueiro. Foi tudo tão estranho. Eu deitei na calçada, enfiando a cabeça lá pra dentro. Gritei pelo seu nome, mas só ouvi minha própria voz.
Fiquei tão nervoso e perdido, que andei horas pelas ruas, quase fui atropelado varias vezes. Como isso podia acontecer?, estávamos indo para casa, tínhamos um acordo. Combinamos de fazer mais uma sessão de fotos e ela se atira lá pra dentro sem maiores satisfações.
Pela manha ouvi batidas na porta, era ela. Notei que faltava uma parte do seu braço.
Contou que ao cair no buraco ficou desacordada, quando os bombeiros a resgataram estava muito suja e uma senhora ofereceu-lhe um banho, o qual aceitou com prazer.
Ao se ensaboar sentiu que ele não estava mais ali.

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